terça-feira, 15 de maio de 2012

TUDO DIREITINHO


O ministro Miguel Relvas esteve hoje de manhã numa audição da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, pedida pelo BE. Visivelmente tenso e embaraçado, mas sempre procurando aparentar grande domínio da situação, informou que recebeu 2047 mensagens no telemóvel entre 14 de abril e 15 de maio mas negou tudo o resto: nunca recebeu por correio electrónico qualquer relatório de organização dos serviços de informações da parte do ex-diretor dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) Silva Carvalho (SC), recebia e-mails de SC mas eram apenas recortes de imprensa (tipo “George Bush visita o México – fonte Reuters”, até não sendo “um ‘clipping’ bem feito”) que começou a apagar sem ler depois dos primeiros exemplares, recebeu mensagens de SC no telemóvel mas os nomes sugeridos “não eram agentes” mas pessoas para lugares de topo, respondeu a algumas "por deferência"mas porque a origem era alguém que na altura não exercia funções “essas alegadas influências não tiveram sequência” (“uma coisa é receber sms, outra é trocar sms”), nunca SC lhe fez perguntas sobre o PSD nem ele lhas fez sobre os serviços secretos, nunca SC colaborou no programa eleitoral do PSD nem no programa do Governo, nunca pediu qualquer estudo de reestruturação dos serviços de informações a SC, nunca teve acesso a qualquer informação classificada, nunca voltou a falar com SC depois de ter assumido o cargo de ministro. “Uma tempestade num copo de licor”, pois…






Adenda com recurso a um dos nossos mais ponderados e informados comentadores políticos, António José Teixeira, essa mesma noite na “SIC Notícias”: “Talvez isto não merecesse razão para tanta ligeireza, para tanta boa disposição. Talvez ficasse bem ao Governo, à maioria, ao primeiro-ministro ter tido outro tipo de declarações até hoje, condenando vivamente que em democracia é condenável de forma absoluta que isto possa ter acontecido, e aconteceu.” (…)“É isto que me faz temer que as instituições do Estado, os governos, os partidos – este não é apenas um problema deste Governo, vem de trás – não estejam à altura da dignidade que é pressuposto figuras públicas com esta responsabilidade terem. E não perceber a gravidade do que está em causa é ainda mais preocupante.”

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