sexta-feira, 17 de maio de 2013

O PNDEC


Ontem à noite em Serralves, e após um jantar incomparavelmente presidido pelo vice Rui Guimarães, mais uma – parabéns Kico! – excelente rodada do ciclo “O Imaterial 2”. Contando com a discreta mas eficiente moderação de José Castro Caldas e com a animação principal de dois intelectuais de exceção – João Ferreira do Amaral (JFA) e Eduardo Paz Ferreira (EPF) –, a noite “acrescentou valor” e só pecou por passar depressa e terminar cedo (bem antes da uma da madrugada a que EPF nos explicou que encerrara, perante o completo espanto de um diplomata alemão, um recente debate na Cinemateca Portuguesa).

JFA foi igual a si próprio, como se diz no jargão futebolístico. Na intervenção inicial, instado que foi a falar do memorando de entendimento e da evolução das suas aplicações, começou por conseguir fugir à “dama” do momento (porque devemos sair do euro, título do seu recente best-seller já aqui comentado num post de 18 de abril). Mas foi sol de pouca dura e lá teve de ir ao tema, com a bonomia que o carateriza e uma convicção cada vez mais fortalecida. Até por ausência de alternativa, como quis reforçadamente sublinhar…

A “encomenda” feita a EPF era mais esotérica – pronunciar-se sobre “a emergência dos mercados financeiros mundiais como centros de poder e o futuro do Direito Público Internacional e do Estado de Direito” – e permitiu-lhe divagar, com pleno sentido e visível agrado da audiência, por múltiplas dimensões de abordagem. Uma exposição cuja riqueza é intransmissível neste estrito quadro de recursos (sugiro ao leitor a oportunidade de um flavour por via da consulta do recente livro de crónicas que EPF acaba de publicar), mas de que quero destacar a ideia condutora de estarmos a viver “um processo de vulnerabilização das populações” em que pontuam a insegurança e o medo e desaparece o direito – assim como que uns tempos de PNDEC (processo de “não Direito” em curso) em que a salvaguarda dos direitos adquiridos vai abrindo brechas crescentes, numa terrível escalada que mais se assemelha a uma consagração do direito à loucura…

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