sábado, 13 de janeiro de 2018

SERÁ QUE A DIREITA PODE RECOMPOR-SE EM ESPANHA?

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(Até agora, a minha pesquisa sobre a situação política espanhola permitia concluir que, correndo o risco de na Catalunha desaparecer do mapa político, o PP se mantinha relativamente resiliente pela Espanha mais espanhola. Porém, atualizando essa pesquisa, chego à conclusão que pode não ser assim.)

As razões mais profundas que apontavam para a conclusão acima apoiavam-se na profunda maioria sociológica que vive e resiste por detrás do PP e dos seus tentáculos nas sociedades locais e regionais espanholas. É aliás essa maioria sociológica que tem apoiado a resistência do partido em toda a saga de corrupção em que as estruturas nacionais, regionais e locais do PP se deixaram mergulhar e contaminar. Segundo um modelo de prospeção do tipo “cada cavadela cada minhoca”, as estruturas políticas do PP alimentaram-se de todos e variados tipos de corrupção, particularmente quando a crise financeira de 2007-2008 deixou a nu imparidades de todo o género.

Pois apesar desses sucessivos abalos, o partido foi resistindo, ainda por cima com um líder que não pode ser considerado propriamente um animador nato. A sua vulnerabilidade fez-sentir, é certo, na gestão tardia e frouxa da crise catalã, mas ainda deu para o último assomo de energia e sentido de Estado que se traduziu pelo acionamento do 155.

Não havendo ainda pesquisa sociológica e política que explique a não confirmação da referida resiliência, a verdade é que esta semana foram publicadas sondagens indicativas do que seria o espectro eleitoral espanhol nacional se os espanhóis por qualquer motivo fossem às urnas. E aqui há surpresas.

O que os números mais recentes nos trazem é uma recomposição do poder eleitoral da direita espanhola. Um pouco à imagem e semelhança do observado na Catalunha, em que se assistiu a uma monumental fuga de voto do PP para o CIUDADANS, assistiríamos agora a uma extensão desse fenómeno a nível nacional. Segundo se depreende da última sondagem, o CIUDADANS representaria cerca de 27% do eleitorado, operando uma significativa e relevante viragem no conjunto PP + CIUDADANS, embora sem aumentar o peso da direita.

Não sei se por este ou por outro motivo, os independentistas, particularmente Marta Rovira, a mais representativa dirigente da Esquerda Republicana que não está na prisão, apelava estes dias para que o independentismo procurasse outras amarras e entendimentos fora do seu bloco tradicional.

Será que a sociedade espanhola dá sinais de poder mudar, sem que entretanto o apagão da esquerda seja recuperado?

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